Dia 16 - Equívocos, cães, frades, freiras e retretes



“Bom dia! Cara colega, li com particular atenção esta crónica. Esperei encontrar, algures, um agradecimento à minha pessoa pelo facto de não ter fugido com o seu carro, os seus óculos e aquele objecto electrónico... resisti a todas as tentações - sobretudo à de ter um carro substituo, visto que o meu está nas lonas... e NADA!! Digo-lhe o que a D. C não disse, mas pensou: a Colega não tem mesmo nada que fazer! E, como se isso não bastasse, é uma Ingrata! Cumprimentos
Colega D. in Facebook

Bom, nesta linha dramática, que eu cá sou uma pessoa dada ao drama,  devo dizer à colega D. que é mágoa pura o que me embacia o olhar (também a falta dos óculos. Mas mais mágoa)! É com esta dor lancinante que peço à colega D. que me peça desculpas. Desde logo, porque teve de resistir à tentação de me roubar o carro, ora se resistiu, quer dizer que esse pensamento lhe ocorreu; depois, pela forma precipitada como me ajuizou, uma vez que, a sr.ª funcionária do corredor não me disse quem havia encontrado o avolumado acervo que me pertencia.
- Ah, não acredito!, dirá, agastada, a D. - então ela é que é a culpada!!
Confrontada com a ira da D. , a sr.ª funcionária defender-se-á :
- Mas a professora Antónia não perguntou quem é que tinha encontrado… vinha desorientada, pegou nas coisas e agradeceu-me!
Posto isto, colega D., peço-lhe que me peça desculpas e que as apresente também à sr.ª funcionária do corredor, que também se deverá desculpar perante mim, pois eu até ia desorientada, só que há coisas que não se devem dizer aqui no Facebook, não vão as pessoas, acertadamente, pensar que eu ia desorientada.
Parece que a D. sabe, de fonte segura, que a D.ª C. pensa mesmo que eu não tenho nada que fazer. E eu acredito, porque a D. não iria fazer uma afirmação destas de forma leviana, nesse caso, há mais uma pessoa que tem de me pedir desculpas. D.ª C., cá as aguardo!
Desapareceu o cão da N., o Raul. Parece que estava no porta-bagagens. A camisola que perdera há um ano atrás também já apareceu, diz que a colega D. a encontrou e que a tem andado a vestir. Garante não saber a quem pertencia, mas verdade é que nunca a usou perto da N. 
Retirem as vossas ilações, que eu cá já tirei as minhas.
Continuo sem saber quem me ofereceu o napperon, fosse lá quem fosse, tem um gosto mais apurado do que as vizinhas do apartamento de baixo, a N. e a D., que agora também têm um, ou melhor, uma coisa redonda com brilhantes, comprada em alguma antiga loja dos 300. Confrontadas com esta evidência defenderam-se, dizendo que eu a D.G. somos uma dupla sertaneja, enquanto elas um duo de jazz.
Na aula, a B. perguntou 
- O que é que é um frade? 
O H., que tinha feito o TPC, mostrou que sabia do que falava:
- É uma espécie de freira.
 Mantive a seriedade e perguntei ao H. como é que ele tinha chegado àquela conclusão.
- Foi a minha mãe que me disse!
Perante isto, apenas me ocorreu acrescentar: 
- Sim, H., é uma espécie de freira, só que em homem.
A aula prosseguiu, e estando eu no clímax da interpretação textual, coloco uma questão, três braços no ar, o G. com o braço no ar, toda a minha pedagogia em movimento, já que o G. é um moço pouco participativo, entusiasmada, dou-lhe a palavra e o G. derruba-me com uma pergunta:
- Posso ir à casa de banho?
Acabou, assim, na retrete, toda a minha excitação intelectual.


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