Dia 12 - O menino da lágrima




Há um burburinho indisfarçável em torno do meu cacifo e do seu napperon: muito comentariozinho, muito olhar de soslaio. Muita inveja, sei-o bem.
Assim que viram o naperão, "ai que lindo", "ui, é vintage", " mas que bem" e vá de sugerir, que estas pessoas, quando é para sugerir, chegam-se logo à frente. O J.G. até me prometeu trazer um cão de loiça, já a I.C., finíssima, insiste que um rolo de papel higiénico todo forrado a crochet é que faz falta, e no meio desta conversa sem fim, surge a ideia d' O menino da lágrima, essa grande obra, pendurada em todas as paredes de qualquer lar bem português. 
Até me arrepiei, e foi arrepiada que pus mãos à obra. Gostaram todos muito do resultado final, mas não sei se por maravilhamento, ou escassez de vocabulário, as reacções foram as mesmas, portanto escuso de me repetir.
Só ao fim da tarde, tive, finalmente, um  feedback digno de registo, veio do J.M., a quem dou a palavra:
- Antónia, aquele cacifo é o requinte do mau gosto.
Percebi, de imediato, que estava no caminho certo.

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